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Creatina: mitos e verdades sobre o suplemento mais estudado do mundo






 


Poucos suplementos carregam tanta fama — e tanta confusão — quanto a creatina.
Nas academias, ela já foi rotulada de “anabolizante”, acusada de causar lesão renal, tida como “bomba disfarçada” e até como algo que “só serve pra quem quer ficar grande”.
Mas a verdade é que a creatina é um dos suplementos mais seguros, estudados e eficazes da história da ciência do exercício.
O problema nunca foi a creatina — foi a desinformação.

O que é a creatina, afinal

A creatina é uma substância produzida naturalmente pelo corpo (no fígado, rins e pâncreas) a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina.
Ela é armazenada principalmente no músculo esquelético, sob a forma de fosfocreatina, que atua como uma espécie de “bateria de emergência” para a produção rápida de energia (ATP) em atividades de alta intensidade e curta duração — como sprints, saltos e levantamentos de peso.

Em outras palavras:

A creatina é o combustível que o corpo usa quando precisa gerar força explosiva em segundos.

Quando suplementamos creatina, aumentamos os estoques musculares dessa molécula, o que melhora a capacidade de gerar força, potência e volume de treino.
É simples e comprovado. E o mais importante: funciona pra quase todo mundo.

Mitos que insistem em sobreviver

1. “Creatina faz mal pros rins.”

Esse é o clássico.
A verdade: não há nenhuma evidência científica de que a creatina cause dano renal em pessoas saudáveis.
Os estudos que levantaram essa hipótese usaram doses altíssimas, em contextos clínicos específicos e com indivíduos que já tinham doença renal prévia.
Para quem tem função renal normal, a creatina é segura, mesmo em uso contínuo.
O que confunde muita gente é o aumento da creatinina sérica — mas isso é apenas um subproduto natural do metabolismo da creatina, e não sinal de lesão.

2. “Creatina engorda ou retém líquido.”

Outro mito comum.
O que ocorre é retenção intracelular de água — ou seja, dentro da célula muscular, e não sob a pele.
Esse efeito é positivo: a célula fica mais hidratada, favorecendo o ambiente anabólico e melhorando a função muscular.
Não é inchaço estético, é fisiologia.

3. “Tem que fazer fase de saturação.”

Não é necessário.
O método clássico de saturação (20g/dia por 5 a 7 dias) acelera o processo de saturar o músculo, mas não muda o resultado final.
Com a dose diária padrão de 3 a 5g/dia, o mesmo efeito é alcançado em 3 a 4 semanas.
Ou seja: consistência é mais importante que pressa.

4. “Tem que ciclar a creatina.”

Mais um mito.
A creatina pode ser usada continuamente, sem necessidade de pausas. Não há perda de efeito nem prejuízo à saúde com o uso prolongado.

5. “Só serve pra quem quer hipertrofia.”

Errado.
A creatina beneficia qualquer pessoa que busca desempenho, força ou vitalidade.
Ela melhora não só a performance atlética, mas também a função cognitiva, a composição corporal e até a recuperação neuromuscular.
Hoje, já há estudos sólidos mostrando benefícios para idosos, vegetarianos e até pacientes com doenças neurodegenerativas.

A ciência por trás da creatina

Mais de 2.000 estudos científicos já investigaram os efeitos da creatina.
Os resultados são consistentes: aumento de força, melhora na capacidade de trabalho, ganho de massa magra e melhora da recuperação entre treinos intensos.

Além do contexto esportivo, as pesquisas mostram efeitos interessantes em outras áreas:

  • Neuroproteção: há indícios de que a creatina protege neurônios em condições de estresse oxidativo, sendo estudada em doenças como Parkinson e Alzheimer.

  • Função cognitiva: melhora da memória de curto prazo e da atenção, especialmente em períodos de privação de sono.

  • Saúde óssea e envelhecimento: em idosos, o uso combinado de creatina e treino de força ajuda a preservar massa muscular e densidade mineral óssea.

A ciência é clara: a creatina é segura, eficaz e multifuncional.

Como usar de forma correta

A dosagem padrão e segura é de 3 a 5g por dia, preferencialmente após o treino ou em qualquer horário fixo do dia.
O importante é a regularidade, não o momento exato.
Pode ser dissolvida em água, suco ou batida junto ao shake proteico.

Duas observações essenciais:

  1. Hidratação: como a creatina aumenta a retenção de água intracelular, manter uma boa ingestão hídrica é fundamental.

  2. Consistência: os resultados são cumulativos. Leva de 3 a 4 semanas para atingir o pico de saturação muscular.

E, sim — não precisa parar.
O corpo se adapta bem ao uso contínuo, e não há “dependência” ou rebote quando se interrompe.

Na prática da Educação Física

Dentro do contexto de atuação do professor de Educação Física, entender e explicar a creatina é uma forma de educar o aluno e proteger a credibilidade da profissão.
É comum ver alunos gastando dinheiro com suplementos duvidosos enquanto têm medo da creatina — justamente o suplemento com mais respaldo científico do planeta.
Cabe ao profissional traduzir a ciência em linguagem prática, mostrar que o suplemento não substitui o treino nem o sono, e que o objetivo é melhorar desempenho, não mascarar resultado.

Na rotina do aluno comum, a creatina representa um investimento baixo e um retorno altíssimo — em força, energia e capacidade de progressão.

Vamos Concluir?

A creatina não é moda. É ciência aplicada.
Ela não transforma o corpo da noite pro dia, mas potencializa o que o treino bem feito e o descanso já constroem.
É segura, acessível e eficaz — o tipo de suplemento que sobrevive ao teste do tempo porque entrega o que promete.

No fim das contas, a creatina é um lembrete de que a evolução no treino vem da combinação certa entre consistência, conhecimento e paciência — o trio que, aliás, nenhum pote de suplemento vende.




Algumas dicas:
[GRÁTIS] Guia Fisiologia do Exercício Aplicada

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